66ª edição conto/história - Eu já tentei de tudo, mas ele(a) não deu ouvidos
Projeto Bloinquês
"Agora juntos para sempre!" |
Era tudo o que queria naquele momento: vê-lo passando em frente ao meu restaurante. Todo dia pela manhã, Paulo ia correr. Gostava de treinar muito, pois estava sempre metido em alguma competição. Ele era muito disciplinado e não aceitava nenhuma critica em relação ao seu comportamento.Toda manhã, la vinha Paulo, passava correndo em frente ao meu restaurante. Como sempre, estava limpando algumas mesas para poder olhar e, quem sabe um dia, criar coragem e me declarar. Todos os dias, era a mesma coisa: eu limpando as mesas e Paulo passando correndo. Nada mudava e assim foi por uns dois anos.
Certo dia, amanheceu muito frio e tínhamos ate neblina, muito forte, onde não era possível ver ninguém. Eu já estava ali, limpando as mesas só para poder ver Paulo. Passou da hora e nada . Fiquei preocupada, pois nesses dois anos, ele nunca deixou de passar ali correndo. Esperei por mais um tempo, nada! Preocupada fui até a farmácia e perguntei ao seu Joaquim se tinha visto o Paulo passando, quem sabe, mais cedo do que o de costume. Seu Joaquim respondeu que: a esposa tinha vindo buscar um analgésico, afinal o marido estava muito gripado. Entendi logo o que aconteceu. Fiquei muito triste, mas quem sabe no dia seguinte...
Passou-se duas semanas, Paulo não aparecera correndo. Eu já estava muito preocupada, mas não podia ir visitá-lo, pois eu era uma mulher solteira, ele: casado. Busquei noticias pelo bairro e ninguém sabia dizer o que estava acontecendo. A cada dia que passava, ficava mais angustiada, sem noticias.
Um dia, resolvi levar uma marmitex na casa dele. Fingi que tinha errado de endereço. Toquei a campanhia e quem atendeu? A esposa! Fiquei meio desconsertada, mas como era do meu ramo, com a freguesia, me endireitei e segui em frente. Perguntei se acaso não fora dessa casa que pediram uma marmitex, a senhora me respondeu de imediato que não. Insisti, nada. Resolvi então, fazer amizade com ela, começando uma conversa com perguntas básicas. Porque estava com o olhar tão cansado? Porque estava tão abatida? Será que eu podia ajuda-la? A mulher vendo que eu estava preocupada, me convidou para entrar. Disse que conhecia a minha mãe: gente boa, família boa, mas que não se lembrava de mim. Ficamos ali por um bom tempo conversando e, de repente...Paulo aparece na ponta da escada. Vestido de pijama, barba a fazer, cabelo desgrenhado. Como era belo! Mesmo doente estava lindo demais! Meu coração disparou e não conseguia esconder tanta emoção! Carlos era o amor de minha vida e precisava saber disso!
Carlos desceu pedindo desculpas pelos trajes. Eu nem liguei, estava lindo! Sentou-se de frente comigo e perguntou se acaso eu não era a moça do restaurante. Respondi com voz tremula: Sou a dona do restaurante! Carlos me olhava como se já nos conhecêssemos, era muito gentil. Sua esposa tinha saído da sala e nos deixou sozinhos. Conversamos por um longo tempo, nem sei quanto, mas precisei ir embora. Carlos ficou com a marmitex, disse que iria comprar todos os dias, afinal sua esposa iria ficar uns dias com a mãe dela, que também estava doente e quem iria cozinhar para ele? Tive vontade de gritar: "EU!" Mas foi só vontade. Fui embora agradecendo pela atenção e lhe disse: "-Imagina é sempre bom relacionarmos bem com os vizinhos"- Quase morri que idiotice falar isso!
A esposa viajou. Passei a entregar-lhe pessoalmente, suas marmitex e nossa amizade aumentou. Carlos era muito extrovertido e brincalhão... eu o amava demais. Os dias foram passando e fazia de um tudo para agrada-lo. Um dia, ele estava tomando banho. Fui levar a marmitex e a porta estava entreaberta. Chamei e ninguém respondeu. Fui entrando, afinal já era da família mesmo. Ouvi Carlos cantando no chuveiro. Não resisti e entrei. Fiquei hipnotizada, parada, sem ação! Contemplei-o por um bom tempo. Ele era belo demais, viril, escultural, apesar da idade avançada. Cantava como um rouxinol,tão bela era a sua voz. Nem sei quanto tempo durou, mas de repente, Carlos ao pegar a toalha, me viu e se assustou. Ficamos ali parados, olhando um para o outro, perplexos! Do nada, fui puxada para dentro do chuveiro e o resto, nem preciso contar ne?
Passou-se seis meses depois do acontecido. Não fui mais a casa de Carlos, não o vi mais, correndo e nem sabia quando a esposa havia voltado. Sentia um misto de culpa, arrependimento e amor. Sim, eu amava aquele homem, mas era errado, afinal era casado. Sua mulher me recebera tão bem em sua casa. Não! Era melhor esquece-lo.
Carlos depois de muito tempo, resolveu me procurar. Disse que me amava e queria ficar comigo. Seu casamento não valia mais nada. Me queria! Vendi o restaurante e mudei de cidade. Fui para um lugar muito distante. Após dois anos, Carlos me encontrou. Foi atrás de mim. Brigamos, discutimos e disse a ele, que aquilo não passara de paixão. Eu não o amava. Mas ele sim!
Mudei novamente de cidade. Sumi por um bom tempo. Carlos me encontrou de novo. Brigamos! Eu o humilhei, fiz de tudo para que ele me odiasse, mas não. A cada sofrimento em minhas mãos, Carlos me amava mais e mais. Mudei de país, fui para o Canadá.
Dessa vez, demorou um pouco mais para que Carlos me encontrasse. Era perseverante e la estávamos nos dois, frente a frente de novo. Ele estava mais magro, barbudo e com um semblante cansado. Senti pena dele naquele momento. Convidei-o a entrar, tomar um banho e se barbear. Depois, mais tarde já com a aparência bem melhor, sentamos-nos para conversar. Carlos me contou tudo o que fizera para me encontrar. Eu, por minha vez, já tentei de tudo, mas ele não deu ouvidos, queria me ter consigo. Me amava demais e estava sofrendo muito. A mulher quando soube de tudo, abandonou-o e sua vida foi só para me seguir. De cidade a cidade e, agora, de país a país...Que bom encontrar-me! Tentei de tudo para esconder o que sentia por ele, mas agora, com tudo explicado e cada coisa em seu lugar, não havia mais motivos para que eu escondesse o meu amor. Agarrei-lhe pela cintura, puxando-o para junto de mim e nos entregamos, de corpo e alma, ao nosso amor. Foram momentos de intensa paixão! Ficamos dias e dias, sozinhos naquele apartamento. Só vivendo de amor, como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Quando a razão tomou conta de nós, resolvemos iniciar nossa vida de novo, a partir daquele momento. Afinal, eu já tentei de tudo, mas ele não deu ouvidos. Eu fiz de um tudo para que ele me esquecesse, mas que bom...nunca me deu ouvidos!
Simone Martins - 10/05/2011
Oi Simone...
ResponderExcluirquero lhe agradecer pelo seu carinho...generosidade...amizade....
fico feliz pelo seu desprendimento em conhecer novos blogs...pq eu tb sou assim...e acredito que a vida na blogsfera não tem como ser diferente....
admiro demais seus escritos...és uma grande poetisa...escritora....
meu carinho e admiração...SEMPRE!
Zil